Sobre Pais e Presentes

Familia Joppert 1Essa menina de cabelos curtos na foto sou eu, no colo do meu pai, com meus irmãos e minha mãe, há muito tempo atrás, em um verão do Rio em 1954. Com a chegada do Dia dos Pais, não pude deixar de lembrar dele, que nos deixou esse ano, depois de 92 anos bem vividos.

 

Meu pai – como era comum na época – era meio durão, fechado, e não participava tanto no dia a dia dos filhos, como hoje é normal. Mas tinha vários hobbies e, logo cedo, nós, crianças, aprendemos que a senha para se aproximar dele era através dessas atividades.

 

Era quando tocava violão, por exemplo, que ele ficava mais descontraído e acessível, fazendo toda a família cantar em várias vozes. Tenho certeza de que minha paixão por cantar vem daí: através da música eu conseguia chegar mais perto do coração do meu pai.

 

Ele também gostava de marcenaria,  e chegou a construir uma “bancadinha”, igual à dele, mas em escala adaptada para nosso tamanho, onde “trabalhávamos” ao seu lado com nossas próprias ferramentas, que eram mais leves e menores.

 

Meu pai também adorava velejar, e rapidamente viramos seus “grumetes” no barco, “tesando” os cabos, “cambando” e “arribando” em animados passeios no mar do Rio.

 

 

Ele também adorava bichos, que tratava quase como gente, sobretudo cachorros. Se transformava num verdadeiro veterinário, quando alguma cadela dava cria, conosco como seus enfermeiros.

 

Mais tarde, esse conhecimento dos gostos e da personalidade dele fez com que meus presentes, em aniversários e outras datas, pudessem ser bem mais pessoais que uma prosaica camiseta polo, por exemplo. Um livro de músicas, um veleiro em miniatura para enfeitar o seu escritório, um porta retrato com aquela foto deliciosa da farra com os netos na piscina do sítio, um quadro com gravura de cavalo parecido com o que ele consumava montar. Era muito bom ver seu olhar de satisfação ao abrir o presente – muitas vezes emocionado – e pensar: “acertei”.

 

Acho que no dia dos pais, que vem chegando, o importante é isso. Mostrar, através de um presente bem pessoal, que toque direto no coração dele, como você conhece a personalidade do seu pai. Um objeto para o qual ele vai olhar sempre e se lembrar de você. Assim como hoje eu olho para os objetos e fotos que ele me deixou, e continuo lembrando dele.

9 Comentários

  • Zeni S. Orbite
    8 de outubro de 2013 2:47

    Cecília, como adoro coisas de casa, nas suas lojas sempre encontro o que eu quero,
    pois tem muito bom gosto, coisas diferentes com qualidade e beleza, sendo a primeira loja que eu entro quando preciso de algum produto para a casa. Bjs.

  • Walter Corrêa
    18 de agosto de 2013 15:33

    Cecilia , desculpe a intimidade , mas não poderia deixar de ressaltar a sua trajetória .
    além de bom gosto tem uma sensibilidade tamanha , quando valorizamos nossa familia não poderia ser diferente !!!!
    Sempre sucesso……….

    • Cecilia Dale
      19 de agosto de 2013 20:38

      Obrigada Walter!

      Um beijo, Cecilia.

  • maria da graça almeida
    11 de agosto de 2013 13:00

    Cecília, lindo seu texto, lindas memórias.
    Para você, dona soberana da arte da decoração e do bom gosto,
    com carinho e admiração, envio meu poema :

    Do artista
    maria da graça almeida

    Há um bailado sutil
    sobre o pé que pisa forte;
    há um transparente fio
    a transmudar o veio em corte;
    há inquietude do partir,
    na mansuetude do chegar.
    Há as cores do sentir
    nos matizes do olhar.

    Há, do certo, as certezas
    não fundidas numa só;
    há nuanças da beleza,
    sem amarras e sem nó.
    Há, na lida do artista,
    o pendor à perfeição;
    há um cérebro alquimista,
    que transpira criação.

    • Cecilia Dale
      12 de agosto de 2013 20:40

      Querida Maria Da Graça,
      Quanta sensibilidade! Muito obrigada pelo carinho!

      Um beijo,

      Cecilia

  • Drica Lotfi
    7 de agosto de 2013 22:25

    Cecilia, sua declaração demonstra sua sensibilidade em mostrar esse Amor tão especial pelo seu pai. Sinto muito pela sua ausência neste dia dos pais, mas com certeza essa sua sensibilidade doce e cativante marcou momentos inesquecíveis ao lado dele. Realmente a dica em presentear nesse dia dos pais com algo mais pessoal com certeza jamais será esquecido, assim como aquele belo porta retrato com aquela foto inesquecível!!! Beijos Lindeza!!!

    • Cecilia Dale
      8 de agosto de 2013 15:24

      Obrigada Drica!
      Um feliz dia dos Pais para você!
      Um beijo,

      Cecilia

  • Bethânia Curty Reis
    5 de agosto de 2013 14:41

    Concordo plenamente.O presente,seja em qualquer ocasião,deve combinar com a pessoa presenteada.Isso demonstra carinho e atenção na escolha do presente.Demonstra que vc se preocupou,”gastou” seu tempo escolhendo algo especial.Não tem ligação com o valor do presente,mas sim com seu cuidado.E presente pra pai então,tem que ser mais que especial!!!Bjus Cecília,adoro sua loja e seu jeito simples e elegante ao mesmo tempo!!!

    • Cecilia Dale
      5 de agosto de 2013 14:55

      Obrigada Bethânia!
      Um grande beijo,

      Cecilia

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